segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Dois mil e treze: 365 oportunidades!





Cada dia que passa nos deparamos com novos desafios: um emprego novo, pessoas diferentes, uma paixão que te arrebata de repente, matérias e sonhos novos. Cada dia nos dá novas oportunidades! A maneira como encaramos a vida é singular. Uma pitada de bom humor, alegria, luz e coisas coloridas, deixam tudo mais bonito, mais leve, mais palpável.
Veio 2012 com a promessa de fim do mundo. Tornou cada coisa algo mais intenso! Cada sorriso foi uma gargalhada, cada beijo foi a transformação do sapo em principe, cada abraço foi a vontade de ficar grudado com quem se ama. 2012 veio recheado de promessas de mudança, de metas para viver como se fosse o último dia, o ano veio fugaz.
Mas não só de desejos e promessas se faz um ano. Ele se deu no mormaço, na vidinha mais ou menos. 2012 foi um ano pacato. Creio que o desejo incessante de se realizar a cada dia, deu uma balançada na mente, estagnei. Tive uma greve acadêmica, e uma greve na mente. Dei um tempo também pro coração, porque coisas que deveriam me deixar preenchida, me deixaram mais vazia. Me desanimei em relação a coisas que amava: como meu curso e alguns amigos. 2012 serviu para mostrar a transitoriedade das coisas, sim nada é pra sempre. Para sempre só nossas lembranças, nossas memórias, aquilo que fez a diferença em nossa vida, que foi e pode não ser mais, mas teve sua importância e isso sim não muda. 
2012 nos mostrou como somos capazes de mudar: o cabelo, a cor, o estilo. Mudamos hábitos, mudamos gostos, mudamos perspectivas. Mudei o modo de ver o mundo, o foco agora é outro: não sigo mais sonhos idealizados, quero coisas concretas. Para 2013 eu quero dias de sol e me queimar! Não quero mais amores idealizados, não quero coisas como foram no passado: eu quero presentes, de grego ou não, eu quero fazer de tudo melhor. Tô tacando a cara na parede para sentir a dor. Quero tirar o mormaço, ou quero sol escaldante ou chuvas torrenciais, cansei dessa vida mais ou menos, quero oito ou oitenta.
Para 2013 devemos ver realmente como nova oportunidade, já que o mundo deveria ter acabado. Então como diz a música "vamos no permitir": nos permitir viver! Viver com os pés nos chão e o foco nos sonhos, como tudo sendo alcançável e passível de vivê-los diariamente. Agarremos nossas oportunidades, nossas 8760 horas de chances para alcançar nossos objetivos e nossas vontades.
Vamos nos permitir organizar, correr e não nos cansar. Vamos curtir, andar, sambar; não deixemos os momentos de sem gracice nos ataque, curtiremos nossas vontades! Nossa vontade de sentir preguiça, nossa vontade de sair de madrugada, nossa vontade de colocar mais dendê em tudo que tiver sem cor.

um 2013 colorido e cheio de temperos, imaginação e criatividade, para que nada fica sem graça.
:)

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obs:  o mormaço também queima, mesmo que devagar. um agradecimento a 2012 por nos proporcinar dias de sol na praia e no concreto quente de Sampa. por dar novos empregos, bons empregos. novos amigos, bons conselhos. por nos dá três sextas-feiras 13. dias de sorte. por nos fazer quebrar a cara, a aprender sobre as pessoas. por manter próximas pessoas queridas. por desfazer vínculos ruins. por dar boas noites de sono. porres desmedidos. amores contidos. e a vontade de fazer dessas coisas boas ainda maiores e melhores no novo ano.

obs 2: esse ano não tem metas numeradas, só uma: a de não numerar os 365 momentos que virão!

terça-feira, 24 de julho de 2012

Para os aversos a língua portuguesa.

Adoro abrir meu e-mail e ver boas mensagens de amigos. Esse texto recebi de Thomas, bom colega das musealidades da vida, valeu Thomas, realmente educativo e divertido HAHAHA' Então, deixemos nossos espiritos nerds aflorarem, peguem uma gramática e relembrem um pouco da boa e velha gramática portuguesa, um pouco de conhecimento e sacanagem, que até eu que detesto essas mil e uma palavras que somos obrigados a estudar nos tempos de escola, me deleitei com esse texto.

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Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federal de Pernambuco (Recife), que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.

"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se
encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto
plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o
artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas
com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco
átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios
de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O
substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem
ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se
insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as
reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o
elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo,
mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois,
já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se
movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar
do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela
em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio,
ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma
sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram
conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se
insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto
adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos
diziam que iriam terminar num transitivo direto. Começaram a se
aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo
crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um
período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando
ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu
uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou
levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele,
e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele
voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi
avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele,
com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta. Estavam na
posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito
agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu
grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta
abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha
percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se
encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e
exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica,
ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e
declarou o seu particípio na história.Os dois se olharam, e viram que
isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo
auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que
loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um
superlativo absoluto.Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa
maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus
objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do
substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma
mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de
um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria
com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido
depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto
final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo,
jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua
portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa
conclusiva."

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Tirinha para completar a diversão!



sexta-feira, 20 de julho de 2012

Tudo que vicia começa com "C"

 vale a pena compartilhar. já que os novos vícios do século são compatilhar e curtir HAHAHA'

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por Luiz Fernando Veríssimo 
 
"Por alguma razão que ainda desconheço, minha mente foi tomada por uma ideia um tanto sinistra: vícios.
Refleti sobre todos os vícios que corrompem a humanidade. Pensei, pensei e,de repente, um insight: tudo que vicia começa com a letra C!
De drogas leves a pesadas, bebidas, comidas ou diversões, percebi que todo vício curiosamente iniciava com cê.
Inicialmente, lembrei do cigarro que causa mais dependência que muita droga pesada. Cigarro vicia e começa com a letra c. Depois, lembrei das drogas pesadas: cocaína, crack e maconha. Vale lembrar que maconha é apenas o apelido da cannabis sativa que também começa com cê.
Entre as bebidas super populares há a cachaça, a cerveja e o café. Os gaúchos até abrem mão do vício matinal do café mas não deixam de tomar seu chimarrão que também – adivinha – começa com a letra c.
Refletindo sobre este padrão, cheguei à resposta da questão que por anos atormentou minha vida: por que a Coca-Cola vicia e a Pepsi não? Tendo fórmulas e sabores praticamente idênticos, deveria haver alguma explicação para este fenômeno. Naquele dia, meu insight finalmente revelara a resposta. É que a Coca tem dois cês no nome enquanto a Pepsi não tem nenhum.
Impressionante, hein?
E o  computador e o  chocolate?   Estes dispensam comentários.  Os vícios alimentares conhecemos aos montes, principalmente daqueles alimentos carregados com sal e açúcar. Sal é cloreto de sódio. E o açúcar que vicia é aquele extraído da cana.
Algumas músicas também causam dependência. Recentemente, testemunhei a popularização de uma droga musical chamada "créeeeeeu". Ficou todo o mundo viciadinho, principalmente quando o ritmo atingia a velocidade… cinco.
Nesta altura, você pode estar pensando: sexo vicia e não começa com a letra C. Pois você está redondamente enganado. Sexo não tem esta qualidade porque denota simplesmente a conformação orgânica que permite distinguir o homem da mulher. O que vicia é o "ato sexual", e este é denominado coito.
Pois é. Coincidências ou não, tudo que vicia começa com cê. Mas atenção: nem tudo que começa com cê vicia. Se fosse assim, estaríamos salvos pois a humanidade seria viciada em Cultura."

Aos meus chatos preferidos

Como disse um dia Mário Quintana:
 Há 2 espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e 
os amigos, que são os nossos chatos prediletos.

Ao longo da vida elegi meus chatos prediletos,  aqueles chatos que me azulcrinam desde os primórdios de meus dias na Terra até aqueles que ontem provaram serem essenciais ao meu cotidiano. São os chatos que falam que seu cabelo tá um lixo, que não deveria gastar tanto com comida, que você não deveria comer tanto, que deveria engordar mais, que deveria malhar e não da cara dos outros, que a unha tá torta mesmo você tendo-a lixado com uma régua. São os chatos que eu sei identificar através de um sorriso, malicioso ou não. Com quem seguro o riso quando vejo o verde no dente, e o deixo sorrir pra meio mundo só pra ter com que zoar de sua cara o resto do dia. São os meus chatos de tomar um porre, são os chatos que não te deixam tomar um porre, são os chatos que compram promoções pra tomar um porre juntos, e tem aqueles chatos que limpam o vaso depois do seu porre. Elegi os meus chatos por mostrarem verdade no olhar, por mais que mintam em palavras. São chatos com suas desculpas esfarrapadas para não ir a festa que você quer tanto ir, e se sentem mal por não terem ido, os chatos que fazem a festa sem um tostão no bolso. Meus chatos de galocha, de all star, de sneakers. São os chatos e seus chatos namorados, são os chatos que querem te casar com seu ex-namorado, são aqueles que não te deixam ser uma solteira bem resolvida. Pra ser um chato predileto pra mim, não é necessário jurar amizade eterna, tem que dar motivos cotidianos que podem ser chatos, tem de provar que sua chatice será lembrada mesmo que sua presença não seja material.Ser meu chato predileto é mostrar lealdade, é querer fazer sorrir, é perder o amigo  e não perder a piada, que vai buscar a pizza e traz o troco de balinha pra que todo mundo fique feliz. Ser meu chato predileto é está inscrustado nessas pequenas pegações de pé, é o querer  bem excessivo, sem demonstrar melosamente tudo isso. Ser chato está nos detalhes mal feitos no caminho que traçamos juntos, é caminhar descalço pra não ferir o calo do amigo, ser chato é ser você, é resmungar, é chorar, é, as vezes se calar. É rir em demasia, é sofrer e gritar de alegria, é ouvir lamúrias e dar conselhos toscos ou só fingir que ouve. Chato de verdade é aquele que se incomoda, que detecta seus defeitos, que joga na cara, ou que deixa você perceber o quanto tava errado e te apoia pra você colocar as coisas nos eixos. Ah! falei um monte de merda, só pra dizer que amo vocês, meus amigos chatos prediletos. Cada qual com sua particularidade, cada qual com sua pequena parcela de vida que deixaste comigo, cada qual com seu jeito de demonstrar amor. Feliz dia do amigo! 


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texto de Marthinha pra dizer coisas bonitas a vocês: 

ENTRE AMIGOS 
de Martha Medeiros, 12 de abril de 1999

"Para que serve um amigo? Para rachar a gasolina, emprestar a prancha, recomendar um disco, dar carona pra festa, passar cola, caminhar no shopping, segurar a barra.  
Todas as alternativas estão corretas, porém isso não basta para guardar um amigo do lado esquerdo do peito.
Milan Kundera, escritor tcheco, escreveu em seu último livro, "A Identidade", que a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. Vai além: diz que toda amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos.
Verdade verdadeira. Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo contruído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridos numa chuva de verão. Veremos.
Um amigo não racha apenas a gasolina: racha lembranças, crises de choro, experiências. Racha a culpa, racha segredos.
Um amigo não empresta apenas a prancha. Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta.
Um amigo não recomenda apenas um disco. Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país.
Um amigo não dá carona apenas pra festa. Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu.
Um amigo não passa apenas cola. Passa contigo um aperto, passa junto o reveillon.
Um amigo não caminha apenas no shopping. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado.
Um amigo não segura a barra, apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador.
Duas dúzias de amigos assim ninguém tem. Se tiver um, amém."

 

terça-feira, 26 de junho de 2012

Gosto familiar.

Recebi esse texto que compartilho com vocês, agorinha da minha tia. Achei ele ideal para ser postado aqui pois trata de duas coisas que amo, e nunca pensei em juntá-las dessa forma: sabores e família. Obrigada tia Shi, pelo texto e por ver o quão temperada é nossa família louca hahaha
nós
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"Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes.
Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo.
Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência.
Não é para qualquer um.
Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir.
Preferimos o desconforto do estômago vazio.
Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e
aquele fastio.
Mas a vida, (azeitona verde no palito) sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite.

O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares.
Súbito, feito milagre, a família está servida.
Fulana sai a mais inteligente de todas.
Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade.
Sicrano, quem diria? Solou, endureceu, murchou antes do tempo.
Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante.
Aquele o que surpreendeu e foi morar longe.
Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente
E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia.
Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo? A mais
sentimental? A mais prestativa?
O que nunca quis nada com o trabalho?
Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero e do grau comparativo.
Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida.
Não há pressa. Eu espero.
Já estão aí? Todas? Ótimo. Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados.
Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola.
Não se envergonhe de chorar. Família é prato que emociona.
E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza.
Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco.
Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias, que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa.
Atenção também com os pesos e as medidas.
Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre.

Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido.
Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora
que se decide meter a colher.
Saber meter a colher é verdadeira arte.
Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada.

O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita.
Bobagem. Tudo ilusão. Não existe “Família à Oswaldo Aranha", "Família à
Rossini”, Família à “Belle Meunière” ou “Família ao Molho Pardo” em que o
sangue é fundamental para o preparo da iguaria.

Família é afinidade, é “à Moda da Casa”.
E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.
Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas.
Há também as que não têm gosto de nada, seriam assim um tipo de “Família Diet”, que você suporta só para manter a linha.
Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente,
quentíssimo.
Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.
 
Enfim, receita de família não se copia, se inventa.
A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia- a -dia.
A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel.
Muita coisa se perde na lembrança, principalmente na cabeça de um velho já
meio caduco como eu.
O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer.
Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas.
Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo.

Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete."
 
Trechos do livro "O Arroz de Palma" de Francisco Azevedo.

terça-feira, 12 de junho de 2012

n-AMOR-ar

namorar
v. tr.
1. Andar de namoro com; requestar.
2. Seduzir, encantar.
3. Cobiçar.
v. intr.

4. Fazer namoro.
5. Ser namorador.
v. pron.
6. Sentir amor; apaixonar-se.



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Dia 12 de junho de 2012, não é o primeiro que passo sozinha, e nem será o último. E isso não me desespera, por mais despeito que pareça. É um dia comum com um pouco mais de paixão, coração e tesão. Eu acredito no romantismo, em coisas cor-de-rosa e em amor. Só que costumo flutuar menos que as outras pessoas [apesar de ser pisciniana, em geral idealizadora e apaixonadinha]. E acredito em mil amores em apenas um ano, que paixão é passageira, que as coisas são finitas: cada um tem seu jeito de amar e ama do seu jeito, e o amor se transforma, os sentimentos também. O que eu não curto é essa banalização do amor, de demonstrações homéricas sem sentimentos, odeio falta de sentimento! Se vai falar que ama, coloque amor; se quer amar, coloque amor. Eu mesma já acabei com relacionamentos por falta de amor, pq pra que querer amar sem amar, deixe que a pessoa encontre o amor onde ele está, perdi também pessoas que amei por excesso e não correspondido amor. Reciprocidade, é o que institui verdade ao amor. Namorar é coisa séria, não é apenas status de sites de relacionamento, se repararem o centro da palavra é composto pela palavra AMOR. Enfim, amem! Hoje, amanhã e sempre. Amem sem limites, mas amem com verdade. Declarem o amor com sentimento em pequenos gestos ou demonstrações que extrapolam as barreiras da noção. 

Um feliz dia dos namorados para aqueles que namoram, e também para aqueles que não, mas sentem o amor.


terça-feira, 24 de abril de 2012

Lúh e o tempo :)


    • Há uns meses atrás, conheci uma pessoa incrivel. Alegre, descontraída, inteligentissima. Na verdade a sua presença em minha vida é meio que imaterial, pois lá do Maranhão ela embarca comigo em filosofias pra lá de doidas. Nós nos colocamos a pensar coisas diversas, a brincar com palavras, com a vida. É como se estivessemos conectadas por algo mais forte que a internet. A Lúh, tem me ensinado enormes lições, lições que passam de amor a histórias de luta, histórias de fé. Se eu pudesse postaria cada uma de nossas conversas, de nossos pensamentos compartilhados.Essa em passagem em questão, chamou atenção de nós duas. Discutimos sobre a vida, em como ela é interompida tão precocemente em alguns casos - consciente ou não do que vai acontecer - e no meio dessa conversa surge uma questão: O QUE É, AFINAL, O TEMPO?


  • Lúh Mendes
    • O ser humano as vezes passa por desequilíbrio que não tem explicação independente do esteja passando mas poupar a vida não é o caminho.
      Qual será esse tempo? Qual será esse tempo? Me fizeste refletir sobre isso agora.
      Sabe acredito que é muito relativo de pessoa pra pessoa vejamos uma pessoa que tem uma doença incurável, ou ago parecido pra ela a morte seria o grande remédio se livrar de tudo, do sofrimento de si próprio dos outros ao seu redor. No meu caso o meu tempo conhecendo um pouco de mim se tivesse passando por algo parecido almejaria o mesmo eu acho que não suportaria presenciar os outros sofrendo com o meu sofrimento. Agora levando para outra vertente se o caso for um problema ai tem que criar coragem pra segurar tudo e equilíbrio pra resolver.
      Se o tempo da minha vida terminasse hoje, iria feliz pois tenho uma Grande Família, amigos, conhecidos que faz e fizeram dela algo incrível mas se amanhã amanhecer vida continuarei a tentar deixá-la mais linda.
      Qual é a sua posição em relação ao assunto?
  • Karina Lie Inatomi
    • Relativo é o termo que mais se aplica para TEMPO! Tempo é algo muito efêmero e paralelamente eterno, confuso, mas real. Hoje da maneira como o mundo (e consequentemente a vida) rodam rápido, o tempo acaba mais rápido, em vista que para tudo impomos prazos, limites, e da mesma maneira que impomos esses limites, o tempo cresce mais e mais para preenche-lo. Concordo com a sua ideia de tempo, vai muito do que prezamos para o momento, se é o fim de uma dor ou continuidade de uma alegria. Eu sei que tento usufruir do meu de maneira impar, cada minuto para mim vale ouro, afinal nunca sabemos quando esse nosso tempo terminará. Enfim, curtamos o tempo que temos.

      A professora disse essa frase ontem em aula e me lembrei mto de nossa conversa: "Que é, pois o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; se quero explicá-lo a quem me pede, não sei." [ Santo Agostinho]


    • Lúh, minha flor, te quero muito bem. Cuide dessa saúde e dessa cabeça, afinal preciso da minha companhia de filosofias facebookianas. Desejo-te muita paz, saúde e sossego. Minha janela de mensagem estará sempre aberta para suas falas. 



quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O Verão, o museu e o rock - por Mário Chagas

Apaixonada pela profissão que eu escolhi e por tudo que ela envolve, Mário Chagas nesse texto conseguiu me emocionar e descrever tudo que sinto em relação a esse lindo universo museal.


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O VERÃO, O MUSEU E O ROCK



Eu verei. Tu verás. Ele verá. Nós veremos. Vós vereis. Eles Verão. Um decreto do Planalto não desritmiza o tempo. "O tempo não pára", canta o poeta-cigarra-cazuza arrebentando pelas costas em estranha metamorfose. "O tempo não pára", pelo menos para aqueles que no tempo estão mergulhados. O tempo não se congela como imagem de TV. O tempo não se congela como um plano de verão.

Houve um tempo em que os museus, dormindo em relicário, sonhavam com peças raras, belas e preciosas. Houve um tempo em que os museus dormindo, assim sonhavam em plena noite de verão, mas "o tempo não pára" - insiste o roqueiro. Houve um tempo em que os museus sonhavam em congelar o tempo, cristalizar o passado nas paredes, nas estantes, nas vitrines-cristaleiras, nos painéis e nos tablados, nos arquivos e gavetas, mas "o sonho acabou" - diria o poeta Lennon. É hora de um outro sonhar, pois o tempo (como o sonho) não pára, renasce (como a fénix) do detrito federal.

Não posso jurar de pés juntos que todos os museus acordaram: é fato que muitos continuam dormindo em berço esplêndido, perpetuando e consagrando a ideologia de dominação: mas é fato também que existem aqueles que se encontram no estágio intermediário entre o sono e o despertar, e outros ainda que estão vigilantes, em processo de constante transformação, atentos para as mudanças políticas, sociais, culturais e económicas. "O tempo não pára". Engana-se quem pensar que os museus não estão em trânsito, como a própria sociedade brasileira.

Usando de "outras palavras" (para lembrar Caetano) pode-se mesmo afirmar que no trânsito museológico existem os museus congelados (ou frios), existem os museus mais ou menos (mornos) e existem os museus aquecidos (ou quentes). Os congelados são aqueles de frieza cadavérica, que sonham com o tempo perdido, esquecem o tempo presente e cultuam objetos mortos. Os aquecidos são aqueles que pulsam com emoção, que estão atentos para a vida e sabem que "o tempo não pára". Dos mornos ou mais ou menos não é preciso falar.

O que mais aterroriza nesse Plano Verão é a perspectiva de bloqueio dos avanços museológicos, realizados à custa de duras penas, e o consequente retrocesso dos museus aquecidos e mornos à categoria de museus congelados (cadavéricos). Fatalmente, é isso que vai acontecer com uma grande quantidade de instituições museológicas do Recife, de Salvador, do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Ouro Preto, de Belo Horizonte, de Belém, de Manaus e de diversas outras cidades do Brasil, caso haja persistência do Plano Verão em cortar (aleatoriamente ou melhor através de um critério perdido no tempo) os recursos humanos e financeiros de instituições que, comprovadamente, têm sido responsáveis pela preservação e dinamização de fragmentos significativos da memória nacional.

O museu por definição é uma instituição que preserva, conserva, adquire, pesquisa e dinamiza os testemunhos materiais da cultura e da natureza. Esta definição revela uma contradição entre a conservação passiva e a dinamização (ou uso cultural) dos testemunhos musealizados. Tentar impedir a ação do tempo sobre esses testemunhos é tão doentio quanto tentar apagar a memória das coisas. "O tempo não pára". A memória se renova no tempo e no espaço.

É sabido, mas não é demais repetir, que um país não se desenvolve sem memória. A memória é apanágio dos vivos (incluindo os vivos-mortos, e excluindo os mortos-vivos). A memória não é tempo congelado, guardado na cristaleira com a chave trancada por dentro. A memória se projeta no tempo tríbio, de que fala o velho Freyre de Apipucos. A memória se renova no choque com o dia-a-dia. Destruí-la é desaprender a falar, desaprender a ver, ouvir e andar.

O museu do nosso tempo (aquecido) preserva pedaços/representações dessa memória-viva nova.

"O tempo não pára". É sobre esse museu (aquecido) que, de certo, fala o poeta-roqueiro ao cantar: "Eu vejo o futuro repetir o passado/Eu vejo um museu de grandes novidades/O tempo não pára". Um museu rico de contradições. Um museu que preserva o passado, e no entanto está repleto de grandes novidades. Um museu que abre espaço para a inocência e para a ciência. Um museu que preserva, porque crê no agora, no eterno presente e sabe que a amnésia é uma grande maldição.

Ouso supor que o "museu de grandes novidades", cantado por Cazuza, é o "museu dos sonhos", do Carlos Drummond, é o "museu de tudo" do João Cabral, é o museu resposta ao poema "museu" de Cecília Meireles é o "museu-praça" humorizado pelo Millôr Fernandes. Um museu onde a vida lateja no ritmo do tempo e da poesia. "O tempo não pára".

Assim como, segundo Heráclito, ninguém entra num mesmo rio mais que uma vez, posto que o rio está sempre a fluir, assim também no museu (aquecido) de grandes novidades ninguém se defronta com o mesmo objeto museal mais que uma vez, posto que o "visto" e o "vedor" estão em constante devir.

"O tempo não pára", e é bom que não pare. Ruim é querer cristalizar o passado, de maneira necrófila. Ruim é obstaculizar o avanço da museologia brasileira e indicar como caminho o retrocesso ao museu tipo congelado, e a consequente perda da memória resgatada.

A ameaça de retrocesso e perda na área museológica é um grande pesadelo nestas noites de verão. Como "o tempo não pára", é possível trabalhar para que os museus acordem todos e se libertem desse pesadelo. É possível torcer para que as águas de março venham fechando e lavando o verão e trazendo promessas de vida para os nossos corações. "Eu vejo um museu de grandes novidades/O tempo não pára".


O VERÃO, O MUSEU E O ROCK

Mário de Souza Chagas

Cadernos de Sociomuseologia Nº2- ULHT, Lisboa,1994

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Manchas roxas.

Acredito que tudo na vida causa alguma dor, deixa alguma marca. Pode ser aquela topada na quina da mesa ou uma decepção amorosa: no inicio é aquele ponto que doí insuportavelmente por dentro, com um dia fica roxo e todos começam a reparar, mas aos poucos vai sumindo, quando olhamos está imperceptível.
E me pergunto porque as pessoas sofrem tanto então? Elas sofrem pois infelizmente tudo tem memória. Manchas roxas somem, mas todas as vezes que vemos a mesa de centro da sala de sua vó na qual topamos quando tínhamos sete anos de idade nós nos lembraremos que tal mesa um dia nos causou uma dor insuportável, mas o que temos que lembrar é que essa dor passou e que a mesa continua ali e você foi embora.
Sofrimento não nos leva a nada, encarar a vida sim.
Nos últimos meses me decepcionei horrores com pessoas que nunca tirarei de minha vida. Chorei noites, me sentia péssima em não poder fazer nada; sofrimento alheio. Passou, por mais que seja assombrada por um espectro de algo que não pude evitar. Mas o que seria de mim se tivesse parado de passar o cicatrizante no rombo que fizeram em mim e ficasse sofrendo? Nada seria.
Eu não posso evitar lembranças ruins, não posso evitar medos. Eu tenho que vive-los.
Eu não posso evitar que a pessoa que você quer que ligue não me ligue pois está perdido no mundo e nem lembra da sua existência, muito menos posso evitar que ela vá pro mundo. Mas eu posso não ficar procurando motivos pra tudo que construí acabe.
É preciso viver.
Vejo as pessoas que se prendem a esparadrapos para que todos reparem nas suas feridas. Eu deixo as minhas abertas, pois dizem as avós que elas precisam respirar para sarar e pra mim quem respira quer vida. Eu dou vida aos meus sofrimentos para que eles possam viver e sumir.

Tô com uma mancha roxa de uma topada no joelho, me pergunte se um dia ela doeu?
Sofrimento já não me atinge. A vida sim, essa me pega de jeito.