terça-feira, 26 de junho de 2012

Gosto familiar.

Recebi esse texto que compartilho com vocês, agorinha da minha tia. Achei ele ideal para ser postado aqui pois trata de duas coisas que amo, e nunca pensei em juntá-las dessa forma: sabores e família. Obrigada tia Shi, pelo texto e por ver o quão temperada é nossa família louca hahaha
nós
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"Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes.
Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo.
Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência.
Não é para qualquer um.
Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir.
Preferimos o desconforto do estômago vazio.
Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e
aquele fastio.
Mas a vida, (azeitona verde no palito) sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite.

O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares.
Súbito, feito milagre, a família está servida.
Fulana sai a mais inteligente de todas.
Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade.
Sicrano, quem diria? Solou, endureceu, murchou antes do tempo.
Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante.
Aquele o que surpreendeu e foi morar longe.
Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente
E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia.
Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo? A mais
sentimental? A mais prestativa?
O que nunca quis nada com o trabalho?
Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero e do grau comparativo.
Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida.
Não há pressa. Eu espero.
Já estão aí? Todas? Ótimo. Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados.
Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola.
Não se envergonhe de chorar. Família é prato que emociona.
E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza.
Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco.
Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias, que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa.
Atenção também com os pesos e as medidas.
Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre.

Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido.
Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora
que se decide meter a colher.
Saber meter a colher é verdadeira arte.
Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada.

O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita.
Bobagem. Tudo ilusão. Não existe “Família à Oswaldo Aranha", "Família à
Rossini”, Família à “Belle Meunière” ou “Família ao Molho Pardo” em que o
sangue é fundamental para o preparo da iguaria.

Família é afinidade, é “à Moda da Casa”.
E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.
Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas.
Há também as que não têm gosto de nada, seriam assim um tipo de “Família Diet”, que você suporta só para manter a linha.
Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente,
quentíssimo.
Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.
 
Enfim, receita de família não se copia, se inventa.
A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia- a -dia.
A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel.
Muita coisa se perde na lembrança, principalmente na cabeça de um velho já
meio caduco como eu.
O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer.
Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas.
Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo.

Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete."
 
Trechos do livro "O Arroz de Palma" de Francisco Azevedo.

terça-feira, 12 de junho de 2012

n-AMOR-ar

namorar
v. tr.
1. Andar de namoro com; requestar.
2. Seduzir, encantar.
3. Cobiçar.
v. intr.

4. Fazer namoro.
5. Ser namorador.
v. pron.
6. Sentir amor; apaixonar-se.



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Dia 12 de junho de 2012, não é o primeiro que passo sozinha, e nem será o último. E isso não me desespera, por mais despeito que pareça. É um dia comum com um pouco mais de paixão, coração e tesão. Eu acredito no romantismo, em coisas cor-de-rosa e em amor. Só que costumo flutuar menos que as outras pessoas [apesar de ser pisciniana, em geral idealizadora e apaixonadinha]. E acredito em mil amores em apenas um ano, que paixão é passageira, que as coisas são finitas: cada um tem seu jeito de amar e ama do seu jeito, e o amor se transforma, os sentimentos também. O que eu não curto é essa banalização do amor, de demonstrações homéricas sem sentimentos, odeio falta de sentimento! Se vai falar que ama, coloque amor; se quer amar, coloque amor. Eu mesma já acabei com relacionamentos por falta de amor, pq pra que querer amar sem amar, deixe que a pessoa encontre o amor onde ele está, perdi também pessoas que amei por excesso e não correspondido amor. Reciprocidade, é o que institui verdade ao amor. Namorar é coisa séria, não é apenas status de sites de relacionamento, se repararem o centro da palavra é composto pela palavra AMOR. Enfim, amem! Hoje, amanhã e sempre. Amem sem limites, mas amem com verdade. Declarem o amor com sentimento em pequenos gestos ou demonstrações que extrapolam as barreiras da noção. 

Um feliz dia dos namorados para aqueles que namoram, e também para aqueles que não, mas sentem o amor.