terça-feira, 24 de julho de 2012

Para os aversos a língua portuguesa.

Adoro abrir meu e-mail e ver boas mensagens de amigos. Esse texto recebi de Thomas, bom colega das musealidades da vida, valeu Thomas, realmente educativo e divertido HAHAHA' Então, deixemos nossos espiritos nerds aflorarem, peguem uma gramática e relembrem um pouco da boa e velha gramática portuguesa, um pouco de conhecimento e sacanagem, que até eu que detesto essas mil e uma palavras que somos obrigados a estudar nos tempos de escola, me deleitei com esse texto.

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Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federal de Pernambuco (Recife), que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.

"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se
encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto
plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o
artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas
com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco
átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios
de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O
substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem
ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se
insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as
reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o
elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo,
mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois,
já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se
movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar
do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela
em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio,
ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma
sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram
conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se
insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto
adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos
diziam que iriam terminar num transitivo direto. Começaram a se
aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo
crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um
período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando
ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu
uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou
levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele,
e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele
voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi
avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele,
com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta. Estavam na
posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito
agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu
grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta
abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha
percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se
encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e
exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica,
ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e
declarou o seu particípio na história.Os dois se olharam, e viram que
isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo
auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que
loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um
superlativo absoluto.Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa
maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus
objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do
substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma
mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de
um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria
com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido
depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto
final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo,
jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua
portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa
conclusiva."

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Tirinha para completar a diversão!



sexta-feira, 20 de julho de 2012

Tudo que vicia começa com "C"

 vale a pena compartilhar. já que os novos vícios do século são compatilhar e curtir HAHAHA'

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por Luiz Fernando Veríssimo 
 
"Por alguma razão que ainda desconheço, minha mente foi tomada por uma ideia um tanto sinistra: vícios.
Refleti sobre todos os vícios que corrompem a humanidade. Pensei, pensei e,de repente, um insight: tudo que vicia começa com a letra C!
De drogas leves a pesadas, bebidas, comidas ou diversões, percebi que todo vício curiosamente iniciava com cê.
Inicialmente, lembrei do cigarro que causa mais dependência que muita droga pesada. Cigarro vicia e começa com a letra c. Depois, lembrei das drogas pesadas: cocaína, crack e maconha. Vale lembrar que maconha é apenas o apelido da cannabis sativa que também começa com cê.
Entre as bebidas super populares há a cachaça, a cerveja e o café. Os gaúchos até abrem mão do vício matinal do café mas não deixam de tomar seu chimarrão que também – adivinha – começa com a letra c.
Refletindo sobre este padrão, cheguei à resposta da questão que por anos atormentou minha vida: por que a Coca-Cola vicia e a Pepsi não? Tendo fórmulas e sabores praticamente idênticos, deveria haver alguma explicação para este fenômeno. Naquele dia, meu insight finalmente revelara a resposta. É que a Coca tem dois cês no nome enquanto a Pepsi não tem nenhum.
Impressionante, hein?
E o  computador e o  chocolate?   Estes dispensam comentários.  Os vícios alimentares conhecemos aos montes, principalmente daqueles alimentos carregados com sal e açúcar. Sal é cloreto de sódio. E o açúcar que vicia é aquele extraído da cana.
Algumas músicas também causam dependência. Recentemente, testemunhei a popularização de uma droga musical chamada "créeeeeeu". Ficou todo o mundo viciadinho, principalmente quando o ritmo atingia a velocidade… cinco.
Nesta altura, você pode estar pensando: sexo vicia e não começa com a letra C. Pois você está redondamente enganado. Sexo não tem esta qualidade porque denota simplesmente a conformação orgânica que permite distinguir o homem da mulher. O que vicia é o "ato sexual", e este é denominado coito.
Pois é. Coincidências ou não, tudo que vicia começa com cê. Mas atenção: nem tudo que começa com cê vicia. Se fosse assim, estaríamos salvos pois a humanidade seria viciada em Cultura."

Aos meus chatos preferidos

Como disse um dia Mário Quintana:
 Há 2 espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e 
os amigos, que são os nossos chatos prediletos.

Ao longo da vida elegi meus chatos prediletos,  aqueles chatos que me azulcrinam desde os primórdios de meus dias na Terra até aqueles que ontem provaram serem essenciais ao meu cotidiano. São os chatos que falam que seu cabelo tá um lixo, que não deveria gastar tanto com comida, que você não deveria comer tanto, que deveria engordar mais, que deveria malhar e não da cara dos outros, que a unha tá torta mesmo você tendo-a lixado com uma régua. São os chatos que eu sei identificar através de um sorriso, malicioso ou não. Com quem seguro o riso quando vejo o verde no dente, e o deixo sorrir pra meio mundo só pra ter com que zoar de sua cara o resto do dia. São os meus chatos de tomar um porre, são os chatos que não te deixam tomar um porre, são os chatos que compram promoções pra tomar um porre juntos, e tem aqueles chatos que limpam o vaso depois do seu porre. Elegi os meus chatos por mostrarem verdade no olhar, por mais que mintam em palavras. São chatos com suas desculpas esfarrapadas para não ir a festa que você quer tanto ir, e se sentem mal por não terem ido, os chatos que fazem a festa sem um tostão no bolso. Meus chatos de galocha, de all star, de sneakers. São os chatos e seus chatos namorados, são os chatos que querem te casar com seu ex-namorado, são aqueles que não te deixam ser uma solteira bem resolvida. Pra ser um chato predileto pra mim, não é necessário jurar amizade eterna, tem que dar motivos cotidianos que podem ser chatos, tem de provar que sua chatice será lembrada mesmo que sua presença não seja material.Ser meu chato predileto é mostrar lealdade, é querer fazer sorrir, é perder o amigo  e não perder a piada, que vai buscar a pizza e traz o troco de balinha pra que todo mundo fique feliz. Ser meu chato predileto é está inscrustado nessas pequenas pegações de pé, é o querer  bem excessivo, sem demonstrar melosamente tudo isso. Ser chato está nos detalhes mal feitos no caminho que traçamos juntos, é caminhar descalço pra não ferir o calo do amigo, ser chato é ser você, é resmungar, é chorar, é, as vezes se calar. É rir em demasia, é sofrer e gritar de alegria, é ouvir lamúrias e dar conselhos toscos ou só fingir que ouve. Chato de verdade é aquele que se incomoda, que detecta seus defeitos, que joga na cara, ou que deixa você perceber o quanto tava errado e te apoia pra você colocar as coisas nos eixos. Ah! falei um monte de merda, só pra dizer que amo vocês, meus amigos chatos prediletos. Cada qual com sua particularidade, cada qual com sua pequena parcela de vida que deixaste comigo, cada qual com seu jeito de demonstrar amor. Feliz dia do amigo! 


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texto de Marthinha pra dizer coisas bonitas a vocês: 

ENTRE AMIGOS 
de Martha Medeiros, 12 de abril de 1999

"Para que serve um amigo? Para rachar a gasolina, emprestar a prancha, recomendar um disco, dar carona pra festa, passar cola, caminhar no shopping, segurar a barra.  
Todas as alternativas estão corretas, porém isso não basta para guardar um amigo do lado esquerdo do peito.
Milan Kundera, escritor tcheco, escreveu em seu último livro, "A Identidade", que a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. Vai além: diz que toda amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos.
Verdade verdadeira. Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo contruído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridos numa chuva de verão. Veremos.
Um amigo não racha apenas a gasolina: racha lembranças, crises de choro, experiências. Racha a culpa, racha segredos.
Um amigo não empresta apenas a prancha. Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta.
Um amigo não recomenda apenas um disco. Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país.
Um amigo não dá carona apenas pra festa. Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu.
Um amigo não passa apenas cola. Passa contigo um aperto, passa junto o reveillon.
Um amigo não caminha apenas no shopping. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado.
Um amigo não segura a barra, apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador.
Duas dúzias de amigos assim ninguém tem. Se tiver um, amém."