segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Manchas roxas.

Acredito que tudo na vida causa alguma dor, deixa alguma marca. Pode ser aquela topada na quina da mesa ou uma decepção amorosa: no inicio é aquele ponto que doí insuportavelmente por dentro, com um dia fica roxo e todos começam a reparar, mas aos poucos vai sumindo, quando olhamos está imperceptível.
E me pergunto porque as pessoas sofrem tanto então? Elas sofrem pois infelizmente tudo tem memória. Manchas roxas somem, mas todas as vezes que vemos a mesa de centro da sala de sua vó na qual topamos quando tínhamos sete anos de idade nós nos lembraremos que tal mesa um dia nos causou uma dor insuportável, mas o que temos que lembrar é que essa dor passou e que a mesa continua ali e você foi embora.
Sofrimento não nos leva a nada, encarar a vida sim.
Nos últimos meses me decepcionei horrores com pessoas que nunca tirarei de minha vida. Chorei noites, me sentia péssima em não poder fazer nada; sofrimento alheio. Passou, por mais que seja assombrada por um espectro de algo que não pude evitar. Mas o que seria de mim se tivesse parado de passar o cicatrizante no rombo que fizeram em mim e ficasse sofrendo? Nada seria.
Eu não posso evitar lembranças ruins, não posso evitar medos. Eu tenho que vive-los.
Eu não posso evitar que a pessoa que você quer que ligue não me ligue pois está perdido no mundo e nem lembra da sua existência, muito menos posso evitar que ela vá pro mundo. Mas eu posso não ficar procurando motivos pra tudo que construí acabe.
É preciso viver.
Vejo as pessoas que se prendem a esparadrapos para que todos reparem nas suas feridas. Eu deixo as minhas abertas, pois dizem as avós que elas precisam respirar para sarar e pra mim quem respira quer vida. Eu dou vida aos meus sofrimentos para que eles possam viver e sumir.

Tô com uma mancha roxa de uma topada no joelho, me pergunte se um dia ela doeu?
Sofrimento já não me atinge. A vida sim, essa me pega de jeito.


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